E pra fechar o assunto sobre pílulas, neste mês vou falar sobre os efeitos que elas causam no organismo e as contra indicações.
Pílula pode causar trombose?
O efeito colateral mais temido da pílula anticoncepcional é a trombose venosa profunda. Essa relação existe porque a pílula exerce efeito sobre a coagulação sanguínea, favorecendo o processo de formação de coágulos. Alguns estudos mostram risco relativo quatro vezes maior para o desenvolvimento de trombose em mulheres que utilizam anticoncepcionais em relação às que não utilizam. Esse risco aumenta com a idade. A incidência é de 4 em 10 mil mulheres por ano e entre 35 a 39 anos passa a ser de aproximadamente 9 em 10 mil mulheres por ano. No entanto, a necessidade de fazer algum exame complementar antes de se prescrever a pílula depende deste histórico e da avaliação do médico ginecologista.
É importante ressaltar que o uso da pílula é apenas um dos muitos fatores que favorecem o risco de trombose. Quanto mais fatores a pessoa manifesta, maiores são as chances de ela ser afetada com a doença. Outras condições relacionadas à trombose são:
- Ficar muito tempo sentado;
- Ter histórico familiar de trombose;
- Estar muito acima do peso ou ter obesidade;
- Fumar
Pílula engorda?
Realmente algumas pílulas podem aumentar a retenção de líquidos, mas não se pode culpar grandes aumentos de peso aos anticoncepcionais, já que o inchaço acrescenta no máximo 1,5 a 2 kg no peso da pessoa. Mas hoje há diversas opções de pílulas com doses baixíssimas de hormônios e que, provavelmente, não causarão esse tipo de efeito. E muitas pílulas incluem em sua composição um hormônio diurético, justamente para contrabalancear este efeito, o que as tornam mais indicadas para mulheres que sofrem com o inchaço na TPM.
Sinais de que a pílula não está fazendo bem a você
Quando a mulher toma pílula por conta própria, de forma errada, sem orientação de um ginecologista, o corpo pode não reagir bem a ela, o que causa problemas como:
- Hemorragias;
- Anemia;
- Ausência de menstruação;
- Ganho de peso;
- Perda de libido
Vantagens e desvantagens
A maior desvantagem da pílula anticoncepcional é o fato de ter de tomá-la todos os dias: o uso diário, que não pode ser esquecido, assim como o prazo correto para fazer o intervalo e reiniciar a cartela.
O risco de trombose, já mencionado acima, também é uma desvantagem.
No entanto, como vantagens encontramos:
- Alta eficácia contra a gravidez;
- Regularização do ciclo menstrual;
- Controle do fluxo e cólicas;
- Redução de acne;
- Possibilidade de ser usada por mulheres que já engravidaram e também que nunca tiveram filhos
Como fica a menstruação?
É muito comum mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais relatarem redução dos dias e do fluxo menstrual e diminuição dos sintomas de TPM.
Algumas pílulas também podem melhorar as dores de cabeça e o inchaço, sintomas comuns ligados à menstruação.
Contraindicações
Normalmente as pílulas anticoncepcionais são contraindicadas em casos de:
- Histórico de trombose, embolia pulmonar ou derrame cerebral;
- Histórico de enxaqueca acompanhada de sintomas como problemas visuais, dificuldade de fala, fraqueza ou dormência em qualquer parte do corpo;
- Diagnóstico de diabetes;
- Histórico familiar de câncer relacionados à hormônios sexuais (câncer de mama e de ovário, etc);
- Presença de sangramento vaginal sem causa;
- Suspeita de gravidez.
Alguns desses casos, no entanto, podem até usar a minipílula – o ideal é sempre conversar com um ginecologista.
Existem pílulas específicas para isso, que possuem 28 comprimidos.
Adaptação ao uso
O período de adaptação à pílula pode variar de um a quatro meses. É sempre importante dividir suas dificuldades na adaptação e desconfortos com o ginecologista, pois isso pode significar necessidade de troca de contraceptivo.
Espero ter ajudado esclarecer algumas dúvidas com esses três artigos sobre as pílulas anticoncepcionais, mas existem ainda muitos mitos e verdades que ouvimos sobre as pílulas. Acompanhe no meu Face e Instagran que continuarei falando sobre este tema. Até mais!
Dra Luciana Radomile é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia e acredita que o caminho mais fácil para a saúde é a prevenção.