Já expliquei em outro texto que não é só criança que precisa vacinar, há muitas vacinas que a mulher adulta deve tomar. Em todas as fases de nossa vida estamos sujeitos a vírus e bactérias causadores de doenças que o corpo não está preparado para combater. E nos últimos tempos deparamos com notícias de que muitas doenças que haviam sido erradicadas no Brasil e no mundo estão voltando por vários motivos. Mas o que me deixa bastante preocupada é saber que existem grupos que acreditam que vacinas podem trazer riscos para as pessoas. Quando as vacinas entram no mercado é porque comprovaram que causam mais benefícios do que o contrário. Não tomar pode trazer danos irreversíveis. As vacinas agem para produzir uma proteção comparável à natural, mas com a vantagem de não trazerem o perigo da doença e suas complicações.
No mês passado participei de um Congresso de Ginecologia onde um dos temas discutidos em palestra foi comprovar tudo o que relatei acima e que nós médicos temos o papel de conscientizar os pacientes em consultório sobre a importância da imunização. Foram apresentados dados de pesquisa mostrando o crescimento de várias doenças que há anos estavam sob controle, além de outro problema grave – as Fake News. Diversos órgãos de saúde estão preocupados e empenhados para combater esse problema com campanhas por todo o mundo. O Ministério da Saúde já disponibilizou um número via WhatsApp para que as pessoas denunciem quando receberem uma notícia falsa sobre vacinas.
Os Estados Unidos vivem um surto de uma doença que havia sido considerada erradicada no país em 2000 – o sarampo. O estado de Washington já tem 37 casos confirmados em janeiro de 2019 e declarou emergência no mesmo mês. Em termos de comparação, ao longo de todo o ano de 2012, 55 casos foram registrados em todo o país.
No Brasil, a circulação do vírus foi eliminada em 2016, segundo a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), mas alguns estados, como Amazonas e Roraima (devido à proximidade com a Venezuela), ainda enfrentam surtos. Os casos são bem mais numerosos do que nos Estados Unidos. Segundo informe do Ministério da Saúde de 24 de janeiro de 2019, entre 6 de fevereiro de 2018 e 21 de janeiro de 2019, foram 10.163 casos confirmados em todo o país, além de 12 mortes.
Uma pesquisa do Instituto Ipsos MORI no Brasil, Alemanha, Índia, Itália e Estados Unidos realizada com 6.002 adultos com idade acima de 18 anos, mostram que:
• 15% dos adultos acreditam que as vacinas são recomendadas somente para crianças e/ou bebês e 21% consideram a vacinação apenas para fins de viagem.
• Aproximadamente 3 em cada 10 adultos reportaram não terem tomado nenhuma vacina potencialmente relevante para esta faixa etária nos últimos cinco anos.
• 60% dos adultos dizem que não receberam informações da saúde pública sobre a importância da vacinação nesta faixa etária.
Dados da pesquisa apontam que, quando perguntados o porquê de não estarem em dia com a vacinação, as pessoas mencionam a falta de recomendação e/ou discussão com profissionais de saúde sobre a necessidade da imunização na fase adulta. Os entrevistados afirmaram que diversas fontes de informação seriam úteis para ajudá-los a entender, registrar e monitorar as vacinas que possam ser relevantes nesta faixa etária.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, as razões por que as pessoas escolhem não se vacinar são complexas, e incluem falta de confiança, complacência e dificuldades no acesso a elas. Há também os que alegam motivos religiosos para não vacinar a si mesmo ou a seus filhos. Por isso, a OMS elencou a recusa em se vacinar como uma das dez ameaças à saúde em 2019.
Para 2019, a OMS espera eliminar em todo o mundo, por meio do aumento da cobertura da vacinação do vírus HPV (Papiloma Vírus Humano), o câncer cervical. Também prevê erradicar a transmissão do poliovírus, que causa poliomielite, no Afeganistão e no Paquistão.
A importância da vacinação vai muito além da prevenção individual. Ao se vacinar, você está ajudando toda a comunidade a diminuir os casos de muitas doenças, salvando a sua vida e de muitas outras pessoas também. É importante tomar a vacina, mesmo que ela já tenha sido eliminada do lugar em que você vive.
Dra Luciana Radomile é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia e acredita que o caminho mais fácil para a saúde é a prevenção