Fatos importantes sobre o HPV

HPV

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Fatos importantes sobre o HPV

 

O HPV é a abreviação em inglês para papiloma vírus humano, nome genérico de um grupo de vírus que engloba mais de cem tipos diferentes. Pode provocar a formação de verrugas na pele e nas regiões oral (lábios, boca, cordas vocais etc.), anal, genital e da uretra. As lesões genitais podem ser de alto risco, (porque são precursoras de tumores malignos, especialmente do câncer de colo do útero e do pênis), ou de baixo risco (não relacionadas ao câncer). Essa infecção sexualmente transmissível muitas vezes não causa sintomas, mas pode provocar verrugas genitais em homens e mulheres.

 

Transmissão do HPV

O HPV é transmitido durante o sexo, seja ele vaginal, anal ou oral. Até mesmo a masturbação pode levar ao contágio. Esse vírus fica alojado em qualquer parte da região genital, não só na vagina e no pênis. Vulva, períneo, bolsa escrotal e região pubiana também podem alojar o HPV. Daí porque o preservativo masculino ajuda a evitar a doença, mas não anula o risco de contágio. Falaremos da prevenção adequada mais pra frente.

Outra forma de transmissão mais rara é a vertical (da mãe para o bebê durante o parto).

Sintomas de HPV

Na imensa maioria das pessoas, o HPV passa despercebido — o próprio sistema imunológico dá conta de se livrar dele antes de causar qualquer sintoma. Mas, em algumas situações, ele consegue perdurar no corpo e, tempos depois da sua instalação, provocar estragos. Isso é mais comum em indivíduos que estão com as defesas do organismo fragilizadas (gestantes, pacientes com aids sem tratamento adequado, etc).

A incidência

Essa é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo. Estima-se que 25% a 50% das mulheres e 50% dos homens no mundo já tenham contraído algum tipo de HPV. Mas não custa reforçar: a maioria dessas pessoas não manifesta sintomas — sejam verrugas, seja o câncer.

O momento de infecção costuma ocorrer entre os 15 e 19 anos de idade, porque ela acontece rapidamente após o início da atividade sexual. Mas estudos mostram que é possível adquirir o vírus em todas as faixas etárias.

Diagnóstico de HPV

Há diferentes métodos. Lesões nas partes externas dos órgãos genitais ou na região bucal podem ser detectadas no próprio consultório. O padrão das verrugas dá ótimas pistas para o especialista.

Mas há também lesões na vagina e no colo de útero impossíveis de encontrar a olhar nu. Essas são detectadas apenas por Papanicolau e colposcopia.

 

A ótima notícia: a partir desses exames, que devem ser repetidos de tempos em tempos de acordo com o ginecologista, dá para identificar alterações pré-cancerosas e, a partir daí, removê-las antes que virem um câncer. Em outras palavras, esses exames previnem tumores (não só os diagnosticam em estágio inicial).

 

Além de tudo isso, hoje há testes que detectam a presença do HPV em si, em vez de focar apenas nas lesões. Assim como no Papanicolau, o médico coleta amostras do colo de útero para verificar a presença do material genético de diferentes tipos desse vírus.

 

HPV tem cura? Como funciona o tratamento

Como dissemos, o próprio organismo tende a se livrar do HPV após um tempo. Caso ele persista, não existe um antiviral específico. O que se faz é tratar as eventuais lesões deixadas por ele e acompanhar o paciente para evitar o câncer (ou para detectá-lo precocemente, quando há maior chance de cura).

 

 

Possíveis complicações

Há um risco de as lesões genitais se tornarem frequentes. As células vizinhas da área afetada podem ser contaminadas, dando origem a lesões futuras. Por isso, além de lidar com o incômodo, o paciente talvez precise refazer o tratamento várias vezes ao longo da vida.

No entanto, a principal e mais temida complicação é o câncer, principalmente o de colo do útero (ou cervical). De acordo como Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tipos 16 e 18 do HPV estão por trás de 70% dos casos desse tumor. Ele só é menos incidente nas brasileiras do que o de mama, o colorretal e o de pele. Estima-se que teremos 15,38 novos casos para cada 100 mil mulheres no nosso país em 2020.

 

Prevenção

Essa é uma das poucas DSTs cuja prevenção não gira em torno apenas do preservativo (ao contrário da sífilis, por exemplo). Como informei anteriormente, o vírus se instala em outras áreas da região genital que não são cobertas pela camisinha.

 

A principal medida preventiva é a vacinação. No SUS, está disponível a vacina quadrivalente contra o HPV, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18. Além de defender contra os grandes responsáveis pelo câncer de colo de útero, ela cobre os tipos que geram 90% das verrugas genitais. A quadrivalente é aplicada até os 14 anos nos postos de saúde de todo o país — a partir dos 11 nos garotos e dos 9 nas garotas.

 

Pessoas com imunodeficiência e transplantados, portadores do HIV e pacientes oncológicos têm direito a receber a vacina dos 9 aos 26 anos gratuitamente.

Na rede privada, ela pode ser tomada dos 9 aos 45 anos. Entre as versões pagas, há também a bivalente, que protege apenas contra os tipos 16 e 18, e a nonavalente. Essa evita mais versões do HPV ligadas ao câncer (16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58) e também algumas que causam verrugas genitais (6 e 11).

Independentemente da versão escolhida, o esquema vacinal consiste em duas doses com intervalo de seis a 12 meses — caso seja aplicada até os 15 anos de idade. Para os mais velhos, são três picadas: a segunda depois de dois meses e a última, seis meses após a primeira.

A vacina contra HPV é segura?

Já existem vários estudos comprovando a segurança e a eficácia da vacina e ela já vem sendo aplicada há muito tempo em países da Europa, Estados Unidos e Austrália.

Já tenho HPV, a vacinação pode me ajudar?

Mesmo que você já tenha sido infectado por um tipo de vírus, a vacina pode prevenir outros tipos com os quais você ainda não teve contato ao longo da vida.

 

Dra Luciana Radomile é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia e acredita que o caminho mais fácil para a saúde é a prevenção.